Povos indígenas preservam tradições e fortalecem ancestralidade no interior de SP
08/08/2025
(Foto: Reprodução) Dia Internacional dos Povos Indígenas reforça preservação de costumes e ancestralidade
Neste sábado (9), é celebrado o Dia Internacional dos Povos Indígenas, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU). A cerca de 47 quilômetros de Bauru, a Terra Indígena Araribá, localizada em Avaí (SP), reúne 641 índios distribuídos em quatro aldeias, em um território de 1.945 hectares.
Na aldeia Kopenoti, a varanda da casa vira espaço para música, contos e histórias passadas de geração em geração. Ali vivem famílias da etnia Terena, que têm mais de 200 anos de história e migraram do Mato Grosso do Sul para o interior paulista.
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Em meio às atividades rotineiras, surgem histórias dos antepassados, lendas e ensinamentos que atravessam gerações.
Cassiano Sebastião, aposentado, é um dos guardiões dessa herança cultural
TV TEM/Reprodução
O aposentado Cassiano Sebastião é um dos guardiões dessa herança cultural e, em entrevista à TV TEM, expressou a vontade de não deixar a cultura acabar: "Eu não quero que acaba, continua sempre a tradição dele".
A dança da ema é uma das manifestações mais emblemáticas da cultura, conduzida por Dário Machado, conhecido como o “cacique da dança”.
"Eu fico feliz quando eu danço, me sinto um cacique privilegiado. Como meu pai dançava, como meus avôs dançavam, como ele ensinou nós. Eu fico feliz, eu sinto a presença disso quando eu estou dançando", explica Dário.
A dança da ema é conduzida por Dário Machado, conhecido como o “cacique da dança”
TV TEM/Reprodução
Juventude e língua ancestral
As tradições também encontram força na nova geração. Victoria Machado Alves, de 14 anos, sempre que pode, visita os avós para aprender a língua Terena e ouvir histórias dos antepassados: "A gente aprende bastante, resgata um pouco da ancestralidade, do que a gente tem no nosso sangue.", disse Victoria.
Victoria Machado Alves, de 14 anos, sempre que pode visita os avós para aprender a língua Terena e ouvir histórias dos antepassados
TV TEM/Reprodução
Ainda dentro da aldeia Kopenoti, a família de dona Ilda Obelim, do povo Kaingang, mantêm vivas práticas como a dança Iankofá, o uso do Purunga (chocalho) e a pintura corporal, que representa proteção para lutas, celebrações e tem papel espiritual.
"A gente tem a obrigação de ensinar os nossos netos, bisnetos, para quando for embora, continuar (a cultura). Importante é ter a cultura, e fazer artesanato, mostrar que tem artesanato para fazer e faz. Tem que aprender tudo, porque a gente sem cultura a gente não é nada.", explica Ilda Obelim.
O neto, Rogério Rodrigues Filho, de 11 anos, já segue os ensinamentos: "Eu faço artesanato e várias coisas. Estou aprendendo a colar as coisas. Minha mãe está me ensinando para aprender a cultura, para sempre continuar nossa cultura Kaingang.", expressa o pequeno.
O neto, Rogério Rodrigues Filho, de 11 anos, já segue os ensinamentos culturais
TV TEM/Reprodução
Identidade cultural
Entre as tradições do povo Guarani, a pesca e a caça sempre foram muito importantes para garantir a sobrevivência. Mesmo com o passar do tempo e as mudanças nos costumes, o peixe continua sendo um alimento especial que mantém viva a ligação com a cultura e a ancestralidade.
Anildo Lulu, autônomo da aledeia, explicou sobre as dificuldades ambientais que têm impactado essa cultura
TV TEM/Reprodução
Além de alimentar, a pesca também é um momento de aprender e ensinar entre gerações. As técnicas antigas, como o uso das armadilhas e o preparo tradicional do peixe, ajudam a preservar os saberes dos antepassados e fortalecem a identidade do povo, mesmo diante das transformações ao redor.
Apesar disso, para Anildo Lulu, as dificuldades ambientais têm impactado profundamente essa cultura.
"Acabaram com nosso meio ambiente, nossos rios, nossas casas. A gente era criado com milho socado no pilão. Torrava, socava, comia com caldo de peixe. Com a armadilha que a gente fazia. Então, como a gente foi reduzido nas matas, os rios foram secando. Essa preocupação que a gente tem, os nossos antepassados já avisavam a gente que íamos passar por um momento difícil assim", explica.
Por fim, essa ligação com a terra e a cultura também se reflete na vivência dos jovens, como Tety Lipu, de 22 anos, estudante de enfermagem em Bauru, que carrega o aprendizado da aldeia para o dia a dia na cidade.
"Eu falo tudo sobre as minhas origens, sobre a realidade da nossa terra, sobre a minha vivência aqui dentro, porque é uma vivência diferente", finaliza.
Tety Lipu, de 22 anos, é estudante de enfermagem em Bauru e relata a vivência diária da aldeia com o dia a dia na cidade
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Neste sábado (9), é celebrado o Dia Internacional dos Povos Indígenas
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